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Definição encontrada no Novo Dicionário de Termos Europeus
BRIC (Brasil, Rússia, India e China)

É o acrónimo normalmente utilizado para designar um grupo de países que se encontram num estado similar em termos de desenvolvimento económico, onde se inclui o Brasil, a Rússia, a Índia e a China. Estes países cobrem 25% do território mundial, detêm 40% da população mundial e contam com um dos maiores mercados emergentes e de crescimento acentuado.

Cada um destes países difere em termos de recursos naturais, nível de industrialização e no impacto que têm na economia global, nomeadamente a partir dos anos 80.

A China, em termos demográficos, detém um quinto da população mundial (cerca de 1.350 milhões de pessoas) e possui um território com cerca de 9,3 milhões de km². Em termos históricos, trata-se da civilização com o maior índice de continuidade, quer em termos culturais, quer políticos. A sua história contemporânea é relativamente trágica, marcada por uma decadência económica, instabilidade política e uma regressão social. Ganhou nova dinâmica ao nível da economia mundial ao tornar-se o maior produtor em termos de produtos de consumo em massa, nomeadamente ao nível eletrónico.

A Índia, em termos demográficos, detém cerca de 17,5% da população mundial e possui um território com cerca de 3,2 milhões de km². Em termos históricos, trata-se da civilização com o segundo maior índice de continuidade, caracterizada por uma grande diversidade cultural e étnica.

Pode-se dizer que a Índia moderna é uma invenção do Império Britânico. Consolidou a sua presença na economia mundial, no sector das tecnologias de informação.

A Rússia, em termos demográficos, detém cerca de 2,2% da população mundial e possui um território com cerca de 17 milhões de km². Também com uma enorme antiguidade, em termos históricos, consolidou uma unidade cultural desde a Idade Média e teve o seu grande auge com o Império Soviético. Converteu-se, nos anos 90, num dos grandes fornecedores de energia.

O Brasil, em termos demográficos, detém cerca de 2,9% da população mundial e possui um território com cerca de 8,5 milhões de km². Em termos históricos trata-se de uma típica criação colonial, com uma precoce unificação ao nível estatal e uma implementação lenta de uma economia de sucesso. Tornou-se um dos maiores fornecedores em termos alimentares e minerais.

 

Prevê-se que em poucos anos os BRIC representem um quinto da economia global e em duas décadas ultrapassem o G7. De acordo com vários estudos realizados, prevê-se que este G4, em 2035, tenha um PIB no seu conjunto superior ao do PIB atual do G7, devido a diversos fatores: a provável «explosão» tecnológica na China, o desenvolvimento das atividades extrativas na Rússia e a enorme competitividade da agricultura brasileira e dos serviços de Internet e das tecnologias de informação na Índia. As principais críticas a estas previsões assentam na finitude dos recursos naturais de que estes países dispõem e nas diferentes intervenções e posicionamentos políticos assumidos. Veja-se o exemplo da Rússia face à UE ou atente-se no facto de China e Rússia terem assento no Conselho de Segurança da ONU e, por essa via, gozarem de diferente estatuto no quadro das relações internacionais.

A União Europeia, ao lado destes países, conquistou igualmente um lugar de relevo na economia global, ajudando a consagrar uma transição que pôs fim ao monopólio dos Estados Unidos enquanto superpotência mundial (e enquanto tradicional parceiro estratégico da UE), preconizando uma redistribuição de novos cenários estratégicos na cena mundial, onde se incluem parcerias estratégicas com os BRIC. O Brasil tem um enorme interesse na liberalização da agricultura pela UE. A Índia é um eficiente fornecedor de serviços em sectores como as tecnologias de informação, software e call-centers, tendo igualmente um enorme interesse no que diz respeito à migração temporária (o chamado Mode 4 do GATS). No que diz respeito à China, existem imensas dificuldades e diferenças entre a UE e a China, no domínio do comércio, no que diz respeito à proteção dos direitos de propriedade intelectual, contrafação e produtos falsificados, no atraso em cumprirem as regras da OMC e no facto de terem uma enorme vantagem em termos competitivos baseada numa exploração social e desrespeito ambiental, bem como a atribuição de subsídios injustos para favorecer as indústrias nacionais. No caso da Rússia, procura-se neste momento tentar diversificar as fontes de fornecimento energético, de forma a ultrapassar a atual dependência da UE em relação à Rússia.

Assim, as parcerias com a China ou a Rússia são de mais difícil concretização do que com o Brasil e a Índia.

 

Desde 2010 passou a falar-se em BRICS juntando aos outros 4 a África do Sul (South Africa). Embora a sua economia represente um quarto da dimensão da economia russa, o próprio autor do termo BRIC, Jim O´Neill admitiu que a entrada do país no grupo o beneficia num quadro de abertura de oportunidades no continente africano. A África do Sul está longe dos níveis de desenvolvimento económico dos seus novos parceiros, mas como maior economia africana é uma "porta de entrada” para investimentos no continente.

(última alteração: Outubro de 2017)
Co-Autor(es): André Machado
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