Euroogle
App Euro Ogle
TE DC
Definição encontrada no Dicionário de Cidadania
Empreendedorismo

Na sua forma mais elementar o empreendedorismo é a vontade e a capacidade de construção de um novo negócio e a assunção dos riscos inerentes para o tornar rentável. Pode também ser compreendido como o estudo das capacidades necessárias para a criação de um projeto empreendedor. Por vezes, é também utilizado como um estado de espírito.

Empreender é o processo conjugado de identificar novas oportunidades de criação de valor económico, de montar uma nova empresa (start up} que corporize a solução para essa oportunidade e a sua implementação com sucesso no mercado, de angariar e de organizar os recursos necessários ou de inventar uma nova combinação de recursos para esse efeito, e de assumir os riscos e as recompensas inerentes.

Empreendedor é assim uma pessoa que identifica novas oportunidades económicas, define e monta uma oferta de mercado correspondente e a lança no mercado assumindo os riscos e as recompensas inerentes.

O empreendedorismo está essencialmente ligado à conjugação de três elementos. A "identificação de oportunidade económica", trazida essencialmente pela inovação. A "superação de recursos limitados", ou seja, a angariação dos recursos que estão para além do controlo do empreendedor. O "risco" e a recompensa, assumidos para explorar uma oportunidade através de uma nova organização de recursos.

O empreendedorismo não resulta apenas da iniciativa de indivíduos, mas também da iniciativa de empresas através de práticas de "intra-empreendedorismo", onde através de processos internos de inovação, assunção de risco e de recompensa individual ou em equipa, a empresa estimula certos colaboradores a identificarem ideias com potencial de mercado e as tornar em atividades de negócio lucrativas, enquanto novos produtos e serviços ou mesmo enquanto novas empresas a criar.

Embora diretamente associado ao termo "empreendedor", designando o processo conduzido pelo empreendedor ou o estudo do mesmo, o termo "empreendedorismo" está cada vez mais associado àscaracterísticas e ao potencial de uma economia ou região para criar novas empresas geradoras de emprego local e novas empresas inovadoras capazes de competirem à escala global, a partir da iniciativa e risco de indivíduos e agentes privados articulados num ecossistema equilibrado e autossustentado.

O empreendedorismo tem ganho um crescente relevo económico e político em todo o mundo,primeiro nas economias mais desenvolvidas e, mais recentemente, nas economias emergentes. O mundo na globalidade está a apostar no desenvolvimento do empreendedorismo. Desde os anos 80 que os EUA, a nível federal e estadual, têm adotado políticas proactivas de desenvolvimento do empreendedorismo por forma a aumentar a competitividade da sua economia, A União Europeia tem apostado crescentemente em
programas de desenvolvimento do empreendedorismo para fomento da competitividade e da empregabilidade, mormente desde o virar do século. Mesmo os países com sistemas políticos distantes do capitalismo, como a China, têm promovido o crescimento do empreendedorismo nas suas economias por forma a sustentar no tempo a modernização da economia. Os países africanos estão a desenhar programas de promoção de empreendedorismo como forma de satisfazer as elevadas expectativas de emprego de uma grande massa de jovens a entrar em idade adulta e de criar cadeias de valor integradas nas suas débeis economias. Os países árabes estão a viver um surto de empreendedorismo, como resultado dos seus esforços de diversificação económica.

A crescente relevância do empreendedorismo na economia mundial está associada ao progresso tecnológico e à emergência das tecnologias de informação e comunicação e da internet em particular, e da consequente Sociedade da Informação e da economia globalizada, que aumentaram drasticamente a importância do papel do empreendedorismo no desenvolvimento económico. Na teoria económica, o valor e o lucro económico resultam da combinação de recursos, trabalho, capital e empreendedorismo. É a eficiência e a rapidez do processo de descoberta e de aplicação (com sucesso ou insucesso) de novas ideias em novos negócios que aumentam a capacidade de uma economia crescer no mercado competitivo global. Na Sociedade da Informação, as decisões são mais rápidas, os mercados evoluem mais rapidamente e o conhecimento ganha maior valor económico e gera oportunidades que são melhor e mais rapidamente identificadas pelo espírito empresarial, caracterizado pela inovação e pela assunção do risco. Deste modo, o espírito empresarial e os ecossistemas de empreendedorismo inovador de uma economia são essenciais para a sua capacidade de vencer no cada vez mais competitivo mercado económico global. Vários estudos empíricos ilustram que entre um terço e metade das diferenças entre as taxas de crescimento económico entre países resultam de diferentes taxas de atividade empreendedora.

A aceleração da "aprendizagem empresarial" é também fundamental para o sucesso económico de uma economia. Quando um empreendedor tem sucesso é porque associou recursos económicos de uma forma que cria valor económico, cujo benefício é partilhado pelo consumidor, na forma de ganho funcional, de gozo ou de preço, pela sociedade, na forma de criação de empregos e geração de receitas e impostos, e pelo investidor, na forma de lucro. Quando um empreendedor tem insucesso é porque associou recursos económicos de uma forma que destrói valor na economia. É preciso libertar esses recursos o mais rapidamente possível. Por este motivo, é tão importante identificar e reforçar os sucessos empresariais como é identificar e extinguir os insucessos rapidamente. Em culturas onde "falhar" empresarialmente deixa uma nódoa profunda no currículo de uma pessoa, quase que equivalente a uma falha moral, é muito mais difícil assumir risco empresarial, como também de eliminar rapidamente empresas em dificuldade económica, diminuindo assim a aprendizagem empresarial e a eficiência económica.

Não há certezas sobre a melhor forma dos governos promoverem o desenvolvimento do empreendedorismo nas suas economias. Aparentemente, tem mais impacto criar o ambiente propício ao crescimento do empreendedorismo, do que intervenções diretas do Estado na promoção do empreendedorismo.

Neste âmbito, a promoção do empreendedorismo está cada vez mais associado_à criação de ecossistemas empreendedores e de comunidades empreendedoras. Através do exemplo de Silicon Valley e de outros casos mais recentes, há uma crescente noção de que o empreendedorismo floresce em ecossistemas empreendedores completos que proporcionam de forma complementar talento inovador, universidades e entidades de pesquisa, financiamento, mentores, instituições e empresas maduras, cultura de risco e de colaboração, e serviços de suporte.

Comparativamente, Portugal, assim como a União Europeia, demonstram ainda grandes lacunas em termos de empreendedorismo, nomeadamente em termos de cultura colaborativa, ligação das universidades com as empresas, celeridade da justiça, maturidade de serviços de suporte, nomeadamente de gestão de propriedade intelectual, capital inteligente, atitude das grandes empresas e da sociedade perante os empreendedores e as pequenas empresas, liberdade para falhar, leis laborais, entre outros.

Mas a Europa e Portugal estão a aprender e a adaptar-se depressa. Portugal tem registado uma evolução muito positiva no empreendedorismo nos últimos anos, evidenciado por estudos comparativos e pela avaliação de agentes do sector. Esta evolução está a ser reforçada por vários fatores:

i) A crise económica predispõe mais pessoas para empreender e arriscar;

ii) Aumento significativo da qualidade dos licenciados, mestrados e doutorados em todas as áreas, nomeadamente nas tecnologias de informação comunicação e eletrónica, como resultado do significativo aumento da qualidade do ensino universitário nos últimos anos;

iii) Existência de uma infraestrutura tecnológica nacional muito evoluída em termos mundiais, nomeadamente na internet de banda larga, redes inteligentes e nas redes energéticas, a preços acessíveis, bem como bom aproveitamento da democratização do acesso a software de desenvolvimento e às TICE;

iv) Desenvolvimento e crescente maturação dos vários agentes do ecossistema empreendedor, nomeadamente, business angels, capital de risco, empresas de grande dimensão, incubadoras e aceleradoras, associações e universidades;

v) Políticas governamentais favoráveis ao desenvolvimento do empreendedorismo;

vi) Execução de ações estruturantes para o financiamento do ecossistema, como a formação da Portuga[Ventures, o financiamento alargado de Business Angels e a crescente abertura e procura de financiamento internacional;

vii) Consolidação de empresas tecnológicas portuguesas que credibilizam o esforço empreendedor e estimulam outros a participar.


(última alteração: Dezembro de 2017)
Se quiser melhorar este dicionário:
Download App Euro Ogle Download App Euro Ogle