Anarquia [s. f. (1671)] ETIM do gr. Anarkhia, ‘ausência de governo’. Sistema político baseado na negação do princípio de uma autoridade formal e constitucionalmente constituída.
As origens do Anarquismo [s. m. (1871)] remetem para a conceção individualista dos direitos naturais, defendida pelo filósofo Inglês John Locke, ou, também na sua forma moderna, será o fruto do Iluminismo e das ideias contratualistas do filósofo Jean Jacques Rousseau.
A partir do início do século XIX, o Anarquismo viria a estruturar-se como uma corrente política autónoma, com contributos teóricos diferentes sobre a questão libertária: em ‘O que é a propriedade?’ (1840) Proudhon reflete sobre o mutualismo; em ‘O único e a sua propriedade’ (1844) Stirne teoriza o anarco-individualismo; em ‘A Conquista do Pão’ (1892) Kropotkine pensa o anarco-comunismo. Por sua vez, em 'Deus e o Estado' (1882), Bakunine expõe o socialismo libertário que defendeu no seio da I Internacional, fundada em 1864, no debate com os adeptos do chamado socialismo científico reunidos em torno de Marx. Resultou, em 1876, a cisão e a dissolução da Associação Internacional dos Trabalhadores.
Esse movimento político defende uma organização social baseada na cooperação dos indivíduos livres e autónomos, com abolição de todas as formas de poder e mecanismos hierárquicos.
A Anarquia seria, como tal, uma sociedade sem poder, onde as pessoas individuais se auto-organizariam, o que, segundo muitos, era e é uma "Utopia”, ou um ideal a atingir.
Historicamente, o Anarquismo esteve presente no quadro da Revolução Russa de 1917 e nos movimentos sociais da Guerra Civil de Espanha de 1936-1939. Com efeito, até à II Guerra Mundial, o Anarquismo revelou força nas lutas operárias, mas tem vindo a perder a sua natureza de movimento de massas, embora tenha influenciado revoltas populares e urbanas como o ‘Maio de 68’ em França, o ‘anti-Poll Tax’ no Reino Unido, e, recentemente, o ‘Passe Livre’ no Brasil.