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Definição encontrada no Dicionário de Cidadania
Pedro Santana Lopes

Pedro Santana Lopes nasceu, em Lisboa, em 29 de Junho de 1956.

Mas encontra nas planícies do Alentejo - por herança materna - e nas paisagens agrestes serranas, do centro de Portugal - por herança paterna - a capacidade de ver sempre mais além, como, também, de saber ultrapassar cada dificuldade como se a vida fosse (como, muito possivelmente, será) um subir permanente de serras e montanhas, ultrapassando os obstáculos, que, a cada dia, a cada momento vão "fazendo surgir" na sua vida.

Uma vida de alguém que assume, com orgulho, o facto de gostar de "ser político", de "fazer política", acreditando sempre que, dessa sua disponibilidade, convicção e trabalho, poderá contribuirpara...umMundo melhor.

Pedro Santana Lopes é uma pessoa com história, obra e conteúdo, sendo o seu percurso, de homem público, de "político", o melhor cartão-de-visita disso mesmo.

Desde muito cedo - logo nos primeiros anos da Faculdade de Direito de Lisboa (FDL) - se empenhou nas lutas académicas.

Primeiro, ainda, antes do 25 de Abril de 1974 (que o viria a encontrar no 1º ano do Curso), mas, depois, contra os que queriam fazer de Portugal uma nova União Soviética (ou China, ou, o que já ninguém recorda, hoje, uma nova Albânia no extremo ocidental da Europa, em pleno clima de "Guerra Fria").

Fez, então, a sua opção política, que consolidaria, ideologicamente, com a adesão ao PPD/PSD. Em 1976, concorreu ao cargo de Presidente da Mesa da RGA (Reunião Geral de Alunos), para que foi eleito, em Janeiro de 1977.

O seu perfil e estilo de liderança levá-lo-iam, mais tarde, a tornar-se membro eleito (sempre) do primeiro Conselho Directivo da FDL, responsável pela confirmação da reestruturação da própria Faculdade e do respectivo curso, que a extrema-esquerda tinha conquistado e destruído em menos de 2 anos.

Em Maio de 1977, finalista de Direito, assumiu, por eleição, as funções de Presidente da Direcção da Associação Académica da FDL, cargo que desempenhou até 1978.

Foi, por isso, com naturalidade que chegou à militância activa e empenhada no PPD/PSD, sendo responsável por muito do que os então defensores do regresso do fundador do PPD, Francisco Sá Carneiro, à liderança do Partido, foram fazendo, para que esse regresso viesse a acontecer.

Conheceu Conceição Monteiro e foi um dos redactores (senão, mesmo, o redactor principal) da - então - célebre Moção G, instrumentalmente decisiva para que esse regresso de Sá Carneiro ao "seu" Partido se viesse concretizar.

Nessas "guerras" partidárias, Francisco Sá Carneiro teve "curiosidade" em conhecer o jovem líder da FDL, que tão decisivo tinha sido no seu regresso à liderança do PPD/PSD, quer na escrita do texto da referida "Moção" - texto verdadeiramente programático, como então eram as propostas políticas levadas aos Congressos dos Partidos - quer, depois, em intervenções públicas, incluindono próprio VI Congresso, em 1978, a favor do regresso do seu líder carismático e histórico, e contra os que se achavam predestinados a correr noutro sentido e com outras companhias,numa verdadeira antecipação do que, mais tarde, viria a acontecer, quando esses, então derrotados, acabaram por seguir debraço dado com os inimigos que tanto combatiam Sá Carneiro.

Acabado o curso de Direito, foi para a Alemanha, estudar Ciência Política, de onde, pelo telefone, acompanhou, avidamente, a noite eleitoral de 2 de Dezembro de 1979, que viria a consagrar a Aliança Democrática (AD) de Francisco Sá Carneiro, Diogo Freitas do Amaral (Partido do Centro Democrático Social - CDS) e Gonçalo Ribeiro Teles (Partido Popular Monárquico - PPM), como prova provada que a estratégia que apoiara estava certa.

Francisco Sá Carneiro toma posse, comoPrimeiro-Ministrode Portugal, em 2 de Janeiro de 1980.

E, na primeira oportunidade em que se "cruza" com o jovem licenciado em Direito, "exilado, por razões académicas", em Colónia, na Alemanha, Francisco Sá Carneiro lançou-lhe um desafio irrecusável: vir para seu assessor jurídico.

O convite mereceu - obviamente - a resposta afirmativa esperada.

A política fez, desde então, como desde sempre,parte da sua vida.

Embora, Jurista e Professor, em diversas Universidades (começando como Assistente, na FDL, onde entrou, mais uma vez, por concurso público), depois Advogado, é na Política que se realiza.

Gosta de estar na política.

"Está-lhe no sangue", peloque não o enjeita nem disfarça, antes o assume com a frontalidade de quem acredita no que defende, naquilo por que luta, no que entende ser o caminho por onde passa o futuro.

Mesmo que o faça, como tantas e tantas vezes, em ruptura com o "statusquo" e contra quem outros se"esquecem" de combater, porque... "sãoassim"!

Não precisa de ser um homem de disfarces ou de calculismo.

É o que é.

Com a sua naturalidade e o seu carisma.

Eleito deputado na confirmação da vitória da AD, em 5 Outubro de 1980, ainda antes da morte de Francisco Sá Carneiro (em Camarate, num "acidente" que, com o tempo, se vem transformando num assassinato, tese de que os que o apoiavam nunca duvidaram), com um rasgo e uma capacidade de oratória excepcionais, cedo se percebeu que era mais do que um delfim do líder histórico que morrera.

Combativo e livre.

Foi sempre esta postura que demonstrou em cada desafio político que lhe "lançavam" (com "boas" ou "más intenções", vá lá saber-se...) ou que colocou a si próprio!

Nos apoios que deu, na forma de intervir, na coragem perante as adversidades.

Com uma intuição e uma "leitura política" extraordinárias, depois de ter sido decisivo, após o desaparecimento de Francisco Sá Carneiro, em 4 de Dezembro de 1980, não concorda com a designação de Francisco Pinto Balsemão para Líder do Partido e novo Primeiro-Ministro.

Integra o designado grupo dos "Críticos", ao lado de Aníbal Cavaco Silva e Eurico de Melo, no distanciamento da acção política do VII Governo Constitucional, que viria a cair com a erosão do combate interno.

Homem de ideias, que não de interesses, não aceita o convite do então líder do Partido para integrar o Governo, mas, em homenagem ao combate político necessário e às ameaças políticas dos adversários, aceita ser Vogal da Comissão Política Nacional (CPN), lugar que ocupa até à liderança de Carlos Mota Pinto.

Recusa, depois, participar ou apoiar, sequer, internamente, a solução de Bloco Central (Governo PS/PSD, saído das eleições de Abril de 1983), assumindo essa mesma posição, com a apresentação de uma Moção ao Congresso de Braga, na sequência da publicação de um livro com quatro textos contra essa mesma solução de Governo, de Marcelo Rebelo de Sousa, José Miguel Júdice e Conceição Monteiro.

Nasce a "Nova Esperança"!

Durante dois anos, reafirma, "urbietorbe" que o líder ideal para o PPD/PSD seria Aníbal Cavaco Silva, primeiro como voz (quase) isolada, depois com a força e a companhia de quem o acha no caminho certo.

Na Figueira da Foz, em Maio de 1985, com o Partido a discutir a sucessão de Mota Pinto - substituído por Rui Machete, depois de ter pedido a demissão dos cargos que ocupava, por força de um Conselho Nacional (CN) muito agitado, em Fevereiro desse ano, e que acabaria por falecer, de forma totalmente inesperada, ainda antes desse mesmo Congresso - rompe com o marasmo da indefinição e dos jogos tácticos e sobe à tribuna para dizer "o que lhe vai na alma”, o que sente, e o que os militantes de base, longe dos jogos do poder, lhe pedem que, em seu nome, afirme, de forma bem clara: o melhor líder para o Partido seria Aníbal Cavaco Silva.

Cavaco Silva assume o desafio e ganha por um "punhado de votos" a liderança do PSD.

Para, de forma clara, como o seu vogal da CPN (Pedro Santana Lopes) sempre defendera, assumir o risco da ruptura do Bloco Central e da necessidade de convocação de eleições antecipadas.

O "punhado de votos" da Figueira volta a fazer das suas, nas eleições legislativas de 5 de Outubro desse mesmo ano.

E Cavaco Silva, em 6 de Novembro seguinte, assume o cargo de Primeiro-Ministro,

Desta vez, aceita a Cavaco o que tinha recusado a Balsemão.

E integra o X Governo Constitucional comoSecretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros.

Desempenha o cargo - onde reorganiza e moderniza toda a actividade do núcleo central do Governo, então sob a sua responsabilidade - até à realização de novas "legislativas", em 19 de Julho de 1987, que coincidem com as primeiras eleições directas para o Parlamento Europeu, em Portugal.

Enquanto Cavaco Silva se tornava no primeiro líder a ganhar, com maioria absoluta, umas eleições legislativas em Portugal (confirmando que só com uma "oferta" estratégica do PRD, por uma estranhíssima tentação política desse Partido, recém aparecido e logo desaparecido, para o "suicídio", tal seria, então possível), Pedro Santana Lopes é o cabeça de lista do PSD nessas primeiras eleições europeias e passa a ser o primeiro português eleito para o Parlamento Europeu.

Em Bruxelas e em Estrasburgo, Portugal "ouve-o e vê-o" a bater-se pela independência de Timor Leste, embora os ventos da mudança, na Indonésia, que o haveriam de permitir, ainda estivessem longe de começar a soprar.

Em 1989, acaba o seu mandato - como todos os demais Deputados Europeus - e prefere voltar ao combate em Portugal.

Cavaco assume esse seu desejo e volta a convidá-lo para o Governo.

Agora, como Secretário de Estado da Cultura.

Para que fosse capaz de fazer com que a Cultura deixasse de ser um "condomínio privado" da esquerda, onde só esta pode morar e invocar a legitimidade de ser a dona dessa mesma... Cultura!

A conclusão, nos tempos definidos, do Centro Cultural de Belém (CCB) é a obra visível e que permanece para memória futura dos homens.

Mas não se ficou por aí.

A forma como desenvolveu a ideia e organizou a Lisboa Capital Europeia da Cultura, em 1994, a conclusão do Arquino Nacional da Torre do Tombo, os apoios aoTeatro, as obras e os restauros em muitos monumentos nacionais, deixados ao abandono desde há muito, as cerca de 40 novas Bibliotecas criadas por todo o País, o projecto de reactivação do Parque Mayer e o apoio às Companhias de "Revista à Portuguesa", a reestruturação da Companhia Nacional do Bailado e da Companhia do Teatro de S. Carlos, a recuperação do Palácio da Ajuda e a instalação, nesse mesmo Palácio, das instalações do Gabinete e dos serviços da Secretaria de Estado, são algumas de muitas obras e decisões tomadas nessa qualidade, que mudaram a visão e o entendimento da Cultura em Portugal e que, ainda hoje, são actuais.

Foi ele, também, o único político, de entre todo o "cavaquismo", que teve a coragem de afrontar o líder do Partido, discordando do "tabu" de Aníbal Cavaco Silva, que haveria de conduzir o PSD à derrota eleitoral de Outubro de 1995.

Não sem antes, ele próprio, ter protagonizado o - porventura - momento mais mediático da vida do Partido.

Corria o mês de Fevereiro de 1995, e realizava-se o seu XVII Congresso.

Num exercício de oposição de ideias a uma luta pelo poder, centrada na distribuição de lugares e na opção entre o (auto) reclamado maior ou menor grau de "cavaquismo" de Fernando Nogueira ou de José Manuel Durão Barroso, Pedro Santana Lopes apareceu, nessa reunião magna social-democrata, como o único protagonista com uma linha de ruptura clara em relação à herança que o então ainda Primeiro-Ministro deixava ao Partido.

Não concordando com o facto de Cavaco Silva só ter dito que não seria candidato a um novo mandato partidário depois de encerrado o prazo para a entrega de Moções Estratégicas (deixando os candidatos possíveis vinculados a um programa que era o do... anterior líder), Santana Lopes defende - perante um País que se revia nos seus argumentos, na sua perspectiva e, porventura, na sua liderança - que essa possibilidade deveria ser aberta de novo.

O Congresso do PSD parou e, com ele, o Portugal político, mas, também, o Portugal de quem se revia nesse evidente bom senso de dar a possibilidade de um novo líder lutar...pelassuas próprias ideias.

O PSD - ainda, como durante tanto tempo, ainda, depois - submisso a Cavaco, não aceitou e Pedro Santana Lopes anunciou que, assim, apenas concorreria ao Conselho Nacional (CN) e não a líder do Partido.

Gerou, nesse momento, a simpatia do Pais, mas o "regime político partidário" que não gostara do facto de ele ter sido (quase) o único a discordar de Cavaco Silva, em Dezembro, abandonando o Governo, em defesa das suas convicções, ficaria na dúvida sobre a sua capacidade de adaptação aos "poderes instalados".

Infelizmente,tinha razão!

O PS haveria de ganhar as eleições de 1995, com Cavaco a desmentir Fernando Nogueira, nas vésperas do acto eleitoral, em relação a uma candidatura que havia de confirmarmenos de um mês mais tarde.

Apósa derrota do PSD, também Cavaco Silva haveria de perder eleições - neste caso, as Presidenciais de 1996 - não sem que tivesse alertado, antes, para esse possível descalabro.

Pelo meio, cedeu ao "coração", enquanto adepto, e assumiu a Presidência do Sporting Clube de Portugal.

Sai do Sporting - menos de um ano depois - por considerar não ter condições para exercer o cargo (em ruptura com quem, tendo dinheiro, não tinha tido capacidade de ganhar eleições no Clube e se servira dele para esse efeito) e por considerar o desempenho dessas funções incompatível com a sua participação em mais um Congresso do PSD onde desafiara o líder que se seguira: Marcelo Rebelo de Sousa.

Em 1997, avança para uma decisão que marcaria a sua vida e viria a influenciar "muitos notáveis”.

Deixa a sua Lisboa e vai até à Figueira da Foz.

Desafiado por Marcelo, numa hipotética ratoeira para o vincular a uma inércia de oposição interna, Pedro Santana Lopes disponibiliza-se pra ser candidato a presidente de um município esquecido nos últimos anos: Figueira da Foz!

Não temeu o desafio e cedo colocou mãos à obra, dando uma lição de humildade democrática e de disponibilidade total para lutar pelos valores políticos e partidários em que acredita.

Em Dezembro de 1997,vence esse combate e é eleito Presidente da Câmara da Figueira da Foz.

E ganha com uma maioria absoluta onde antes ninguém - que não do PS - conseguira ganhar.

E, se o prometeu, melhor o fez: pôsa Figueira nomapa.

Reposicionou o concelho como atractivo para o turismo e para o investimento privado.

Desde o saneamento básico à rede de águas, à criação do ensino pré-escolar, à aposta forte em eventos desportivos e culturais, colocou - como prometera e como tantas vezes repetia - a Figueira no mapa.

Recuperou escolas e o Mercado Municipal, construiu piscinas, apostou no acesso a cuidados de saúde para os mais idosos, procurou dotar as diferentes freguesias de infra-estruturas modernas e viradas para o futuro.

Sempre a tónica colocada no futuro.

E o seu futuroacabou por mudar em 2001.

Depois de 4 anos na Figueira da Foz e das bases lançadas para a melhoria de vida dos seus habitantes, as contas nacionais da política atravessam novamente o caminho de Pedro Santana Lopes.

Era, já, Durão Barroso (leito líder, em 1999, sucedendo a Marcelo Rebelo de Sousa) quem "precisava" de um candidato para Lisboa.

Era António Guterres quem liderava o Governo e Durão Barroso vivia um estado complexo no papel de líder da oposição.

Santana Lopes decide, assim, regressar à capital, à sua cidade natal, para um combate que ninguém queria travar.

Contra uma maioria PS e PCP, uma coligação que governava Lisboa, e contra um líder do PP a ser, ele próprio, também candidato...àCâmara Municipal de Lisboa!

Contra todas as expectativas, sondagens e até contra o, então, "antecipadamente dado como vencedor" Presidente da Autarquia, candidato à renovação do mandato, em Dezembro de 2001, Pedro Santana Lopes vence as eleições para a Câmara Municipal de Lisboa.

Com essa vitória, ficou dado oúltimo empurrão para o fim do "pântano" de António Guterres, o verdadeiro derrotado - a nível nacional - daquelas eleições locais.

Uma vitória histórica do PSD, em Lisboa, onde nunca tinha sido poder sozinho, nem nunca nenhum militante seu havia desempenhado funções de Presidente da Câmara.

Histórica, também, porque essa vitória do PSD, em Lisboa, tinha, "no outro lado da balança", toda a esquerda unida, com o contrapeso e a ajuda táctica da direita, como o era a candidatura do líder do CDS, resumida na afirmação de"Eufico", em contraposição declarada dos que, no centro direita, viam essa mesma candidatura como estando - como estava, defacto - a "fazer o jogo" da esquerda.

Dessa derrota em Lisboa, haveria, claro, Guterres, de ter uma leitura nacional.

Demitiu-se e fez com que o Presidenteda República viesse a convocar eleições legislativas antecipadas, que levariam à derrota do PS, à vitória do PSD, e à constituição de um governo PSD/CDS, com Durão Barroso a ser Primeiro-Ministro e Paulo Portas a assumir o lugar de Ministro da Defesa e número 2 do Executivo.

Em Lisboa, Pedro Santana Lopes começava um novo ciclo.

Para ele e para a cidade.

Lembrar Santana Lopes, em Lisboa, é recordar os longos debates e criticas ao famoso Túnel do Marquês.

Uma obra que marca o seu mandato, uma visão da cidade que ele teve, antes de todos, e que, hoje, é, assumidamente, uma obra notável e útil aos que entram e saem da cidade.

O tempo faz com que tenham caído no esquecimento os "embargos do Zé", que atrasaram a conclusão de uma obra que se tem algum defeito é não ter sido mais ampla e abrangente,de forma a que, quem atravessa a cidade o possa fazer sem ter de interferir com todos os eixos centrais de movimento automóvel, no interior de Lisboa.

O certo é que a obra aconteceu, e os que tanto a combateram tentam - hoje - evitar a memória sobre quem a idealizou, tantas foram as dificuldades criadas, apenas e só, por razões do mero tacticismo político.

O mesmo tacticismo que levou à inviabilização,para dificultar a vida a Santana Lopes, do projecto de recuperação e de revitalização do Parque Mayer.

Essateria sido uma outra grande marca de Pedro Santana Lopes em Lisboa, se o tivessem deixado seguir em frente com o seu projecto de Casino e de remodelação integral daquele espaço nobre da capital.

Com a "ajuda" de FrankGehry- o Arquitectonorte-americanoa quem o mundo reconhece a genialidade para ser capaz de se destacar dos seus pares e de ver essa sua capacidade reconhecida como um artista para além do Mestre da Arquitectura - queria modernizar aquele espaço.

Não foi possível, e essa "intransigência" de então ainda hoje é a responsável por Lisboa continuar a ter o Parque Mayer como um lugar perdido e sem rumo.

Mas não foi só o túnel e a tentativa de mudar o Parque Mayer que marcam o mandato de Santana Lopes em Lisboa.

Foi a sua preocupação, antes do tempo, de colocar na agenda o repovoamento e a reabilitação urbana.

Recuperou mais de 1500 prédios pela cidade, revitalizou, acabando com o flagelo da prostituição e reflorestou Monsanto, construiu piscinas em diferentes bairros, procurou envolver e criar condições de acompanhamento a uma Lisboa envelhecida com projectos pioneiros, como o "LX porta a porta" e o "LX alerta". Reabilitou e apoiou a cultura, nos teatros e bibliotecas, apostou no desporto e na juventude, lançou a candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade.

Ou seja, deu vida a Lisboa, nummandato cheio e dinâmico, à sua verdadeira imagem.

Aliás, o dinamismo foi, sempre, um traço distintivo do percurso político de Pedro Santana Lopes, traduzido no empenhamento e na capacidade agregadora, motivadora e realizadora que impôs a todo o exercício dos cargos que até hoje ocupou.

Esta característica, aliada ao sentido das realidades e à invulgar capacidade mobilizadora das suas equipas, faz com que seja capaz de potenciar, ao máximo, os recursos humanos que tem por perto.

Mas foi no exercício das funções de Presidente da Câmara de Lisboa que se deu um dos mais "estranhos" acontecimentos políticos da democracia portuguesa.

JoséManuel Durão Barroso, Primeiro-Ministro em funções, após ter um dos piores resultados de sempre do PPD/PSD, nas eleições europeias de Junho de 2004, "parte" para Bruxelas, para o lugar de Presidente da Comissão Europeia.

Esta saída é preparada e tem como condição a sua substituição no cargo de Primeiro-Ministro sem o recurso a novas eleições legislativas.

Numa democracia madura, seria um acontecimento natural e sem grandes aparatos, mas, em Portugal, resultou numa vaga de fundo de contestação sem precedentes.

Levou, até, a que o líder do maior partido da oposição se demitisse, por discordar de a natural substituição de um Presidentede um Partido, pelo seu 1º Vice-Presidente, nesse mesmo Partido - e por isso, também, legitimado, democraticamente, tanto quanto ele o fora, por quem, estatutariamente,tinha essa competência - achando quePedro Santana Lopes não deveria ter sucedido a Durão Barroso no cargo de Primeiro-Ministro.

E, nessa perspectiva, como se um verdadeiro golpe constitucional se tratasse, uma maioria, estável, de dois partidos, que se aceitaram coligar para formar um Governo, deixaram de o ser porque alguém se lembrou de dar esseprémioao seu Partido político, fazendo, desse modo, "as pazes" com a sua base social de apoio e a opinião de esquerda "publicada", que se afastara nas sondagens, por não ver, cinco meses antes, apoiada a tese de que a esquerda, desse por onde desse, teria que regressar ao poder.

Pedro Santana Lopes toma posse como Primeiro-Ministro, apenas umasemana depois da indigitação pelo Presidente da República.

Nesse brevíssimo período - quinze dias, apenas - tem de pensar e formar um Governo, um programa de Governo e preparar osdossiersque o habilitem a dar resposta aos Deputados eleitos, nas discussões que se seguirão, na Assembleia da República, por força das disposições constitucionais ou regimentais.

Duas semanas, apenas, para fazer o que muitos levam mais de um mês, para além de terem podido pensar em estruturas, princípios, e pessoas, nos meses que antecedem essas mesmas decisões, tão previsíveis são as futuras escolhas dos eleitorados, na esmagadora maioria dos casos concretos.

Com um ambiente político hostil e uma declaração - no discurso da tomada de posse do XVI Governo Constitucional, no dia 17 deJulhode 2004 - do Presidente da República, Jorge Sampaio, a anunciar que iria ter em linha de contadeterminadaspastas e políticas do Governo.

Começava assim um caminho complexo e exigente.

E foi neste caminho complexo que, em apenas quatro meses de plenitude de exercício de funções, Pedro Santana Lopes - enquanto Primeiro-Ministro - lançou algumas ideias e projectos diferentes.

Afrontando (como sempre o fez)lobbysinstalados e verdades absolutas no nosso País.

Cedo começou a fazer "amigos” e cedo se percebeu que a sua presença no Governo seria prejudicial para os negócios de uns e as ambições de outros.

Preconiza uma mudança da estrutura tributária de Portugal, reduzindo os impostos de quem ganha menos e aumentando os de quem mais ganha, nomeadamente a Banca que deveria passa a pagar mais.

Lança as bases para uma nova Lei do Arrendamento, que previne que as pessoas se endividem ao comprar casa e incentiva o mercado imobiliário do arrendamento.

E, como prova da sua capacidade de "ter razão antes do tempo", concretiza a ideia da necessidade premente de Portugal vir a terminar com o regime de isenção das SCUT (sem custos para o utilizador), nas auto estradas, beneficiando o contribuinte com a introdução do princípio do utilizador/pagador, garantindo o respeito absoluto pelos interesses das populações locais.

Faz, ainda, do combate pela defesa da interioridade e pela capacidade de alargar as zonas de decisão pelo território uma bandeira, ao estabelecer que alguns dos Secretários de Estado do seu Governo se estabeleçam, fisicamente, com os seus Gabinetes e "staff", pelo País fora (Braga, Viseu, Golegã, Évora), a par da realização de Conselhos de Ministros, pelo País (Porto, Évora, Coimbra, Bragança).

E adoptou medidas administrativas de grande repercussão na vida do País.

Apenas 4 meses depois de ter assumido o cargo de Primeiro-ministro, o seu trabalho foi interrompido com a dissolução da Assembleia da República, por parte do Presidente da República.

Com o foco no "regular funcionamento das instituições portuguesas", Sampaio não foi capaz de justificar a demissão de um Governo legítimo.

Com alusões a supostas "trapalhadas” - nunca enunciadas e, muito menos, explicadas - o XVI Governo Constitucional não resistiu à "traição" de um, então, recém-empossado,Ministro … do Desporto.

Tão extraordinários os motivos dessa mesma queda, como extraordinários foram o impacto e, sobretudo, a campanha que se seguiu, de destruição de carácter e de figura política, de um homem que sempre vencera na política, por força da defesa dos valores e dos princípios que punha em cada combate.

Os portugueses foram soberanos e escolheram o lado da moeda que entendiam dar mais garantias.

Uma situação que "custou” a Portugal sete anos de Governo deJoséSócrates.

Mas, ficou claro que, por vezes, a "má moeda expulsa a boa moeda”,como hoje quase ninguém terá dúvidas em afirmar...

Pedro Santana Lopes "chegou" a Primeiro-Ministro sem ter ido a votos.

Uma personalidade como a dele precisa do confronto e da legitimidade que só o voto popular confere.

A sua forma de estar é assente em rupturas e fora do "politicamente correcto".

Não alinha no cinzentismo da política e sempre procurou estar no debate de ideias e de temas.

Mas não se julgue que à personalidade combativa de Pedro Santana Lopes faltará alguma característica de que são feitos os grandes líderes.

Com carisma, consegue mobilizar as pessoas com quem trabalha e quem nele vota ou quem nele confia através de ideias e de programas, de conteúdos que proporcionam entusiasmo, determinação, combatividade e, até, alegria!

Foram essas mesmas,paixão e determinação,que o levaram a combater, dentro do partido, por ser, ele, o candidato à Camara Municipal de Lisboa, novamente,em 2005.

O PSD de então, não o deixou, apostando no candidato que viria a ser o grande responsável pela derrota interna do então líder (LuísMarques Mendes)

"Quem com ferros mata, com ferros morre" - dirá o povo!

Candidatura que viria a concretizar, em 2009, quando, em situações muito difíceis (ao candidatar-se contra um presidente em exercício, com apenas 2 anos de mandato), ficou muito perto de vencer António Costa.

Antes, em 2007, com um novo presidente do PSD (Luís Filipe Menezes), é eleito líder do Grupo Parlamentar do Partido, na Assembleia da República e assume o combate e o confronto político parlamentar.

Regressa, assim, ao combate político, na AR, repetindo os debates de discussão de ideias, quando, com 24 anos, havia sido eleito, nas últimas listas de Deputados que Francisco Sá Carneiro apresentou.

Desempenhou essasfunções com apoio unânime de todo o Grupo Parlamentar do PSD, passando a ser assimo primeiro e único - até hoje - ex-Presidente de Partido e ex-Primeiro ministro a ter a humildade democrática de voltar ao combate com os seus Pares, sem se refugiar numa qualquer sinecura internacional ou internacional, como costuma ser o caso!

Deixou o Parlamento, com a eleição de um (a) novo líder do partido, mas não deixou de participar, repetida e activamente, na discussão de ideias e de projectos.

Se, na saída do Governo, tinha deixado a sua marca, ao publicar a verdadeira versão dos factos que levaram à constituição e queda do XVI Governo Constitucional, passa a participar,regularmente, em conferências e a escrever artigos de jornais, a intervir em debates semanais, na televisão, mas também a elaborar estudos e a publicar livros.

Livros temáticos e pensados.

Tem um histórico "publicado".

Começou, em 1980, sendo co-autor, com José Manuel Durão Barroso, do livro "Sistemas de Governo e Sistema Partidário", publicado pela Livraria Bertrand.

Foi, também, o autor do segundo projecto de Revisão Constitucional, apresentado por Francisco Sá Carneiro, e adoptado pelo Partido Social Democrata como seu, no processo de Revisão Constitucional de 1981/82.

Publicou, ainda, como autor, "Portugal e a Europa: Que Futuro?", em 1989, "Os Sistemas de Governo Mistos e o Actual Sistema Português", na Difel Editorial, em 2001, "Causas de Cultura", na Quetzal Editores, em 2004, "Figueira, A Minha História", em 2005, "Palavras Escritas", na Elo, em 2005, "Percepções e Realidade",na Aletheia Editora, em 2006, "A cidade é de todos", na Livros d'Hoje, em 2009, e "Pecado Original”, na Dom Quixote, em 2013.

Aliás, essa é mais uma das suas características.

Não é apenas um homem de acção, mas um homem de pensamento publicado.

Sabemos o que defende, sabemos que pensa o sistema político, sabemos que tem causas e que tem conteúdo.

Não fica pelo acessório, nem pelo - hoje tão propagado -soundbyte.

Procura intervir e acrescentar, procura colocar sempre o debate político na procura de respostas e não na espuma do dia-a-dia.

Como se empenhou, sempre, em contribuir para elevar a o nível da discussão política e do debate de ideias.

Com respeito absoluto pelos adversários mas com a determinação de quem acredita nas ideias que defende.

Em 2011, toma posse como Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Um cargo que muitos colocam como impulsionador de um espirito em Santana Lopes mais focado para as questões sociais.

Nada mais incorrecto.

Bastará olhar para o seu percurso e perceber que sempre que exerceu funções, sobretudo executivas, fez do trabalho na área social uma prioridade.

Actualmente,tem a oportunidade de apoiar famílias carenciadas, idosos isolados e jovens desempregados e sem esperança.

Continua a colocar as pessoas como prioridade, agora na Santa Casa, substituindo, tantas vezes (cada vez mais) o Estado em diversas áreas na qual este deveria estar presente.

Mas, olhar para o percurso de Pedro Santana Lopes é olhar para um líder natural.

Olhar para alguém que faz com que acreditemos nas ideias que defende e que defendemos.

Uma pessoa com ideias claras, objectivos precisos, prosseguidos através de meios bem definidos.

Alguém com uma vasta experiência, uma pessoa com rasgo, com a coragem que todos lhe reconhecem, com a liberdade de quem gosta de pensar pela sua própria cabeça, com o desprendimento e sem receios de estar com o povo e ser escrutinado em eleições, com a sua forte intuição e sobretudo sensibilidade social.

Tudo isso faz de Pedro Santana Lopes um político único, com a diferença de nunca se acomodar e de ter a capacidade de renascer das cinzas,para novos combates e novas vitórias, mesmo quando, pouco tempo antes, (quase) todos o dariam com a carreira política terminada.

Ou, para usar uma das suas mais afirmações mais repetidas, dita quando, no Congresso de Pombal, se despedia das funções de Presidente do Partido, após alguns barões, no PSD, terem ajudado, em muitos ao golpe constitucional, para oafastarem do cargo de Primeiro-Ministro (e, com isso, poderem, eles, chegarem mais cedo ao poder, no que se enganaram redondamente): "vou andar por aí".


(última alteração: Novembro de 2015)
Co-Autor(es): Diogo Agostinho
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