A Convergência NBIC é um conceito que surgiu em diversos trabalhos académicos (de forma mais estruturada a partir de 2001) e que, por encomenda do Comité de Bioética do Conselho da Europa, foi objecto de um estudo do Instituto Rathenau. Trata-se de evidenciar os espaços de intercepção entre as Nanotecnologias (N) as Biotecnologias (B) as tecnologias da Informação (I) e as ciências Cognitivas (C). O estudo elege estas 4 tecnologias como das mais importantes e designa a interacção entre elas como Convergência NBIC.
O Instituto sublinha que grande parte das inovações mais relevantes resultam frequentemente não apenas da combinação de diferentes tecnologias, como de espaços de "fronteira” entre elas e indústrias inovadoras.
Exemplos destas convergências são:
- a mecatrónica (combinação das tecnologias de informação e das técnicas de produção)
- a Internet nasceu da convergência entre as tecnologias de informação e as tecnologias da comunicação
- o projecto do genoma humano que depende fortemente da capacidade informática é também o resultado da convergência tecnológica entre a biologia e as tecnologias de informação (Convergência BI).
Muitas descobertas da biologia e vários dos seus conceitos inspiraram a comunidade das TIs como nas noções de redes neuronais ou na swarm intelligence.
A convergência tecnológica foi particularmente estudada e promovida no início do séc. XXI na comunidade científica norteamericana ligada à investigação militar e espacial. Um estudo publicado pela RAND corporation vislumbrava novas tendências nos domínios dos bio-nanomateriais e das suas sinergias com as tecnologias de informação e considerava que isso iria suscitar uma revolução tecnológica mundial. O Centro de investigação Ames da NASA integrou nos seus trabalhos o triângulo nanotecnologias-biologias-TIs (Convergência NBI).
Rico e Bainbridge (da NSF - National Science Foundation) organizaram um evento no final de 2001 sob o tema "Fazer convergir as tecnologias para melhorar as performances humanas” onde desenvolveram o conceito NBIC. A evolução do trio NBI para o novo e alargado conceito de Convergência reconhece a rápida emergência das ciências cognitivas e os novos desafios em matéria de inteligência artificial.
A Comissão Europeia nomeou um comité de especialistas de alto nível para reflectir sobre esta Convergência que reconheceu a sua pertinência como meio para enquadrar, assinalar e antecipar novas tecnologias emergentes. A Convergência NBIC foi considerada essencial ao desenvolvimento de novas áreas como a medicina molecular, a robótica de serviços, ambient intelligence (ambientes electrónicos sensíveis e reactivos à presença de pessoas), genómica pessoal e a biologia sintética. Num estudo promovido pelo Parlamento Europeu em 2006, Berloznik e outros autores defenderam que as 4 tecnologias chave da nova Convergência são elas mesmo produto da convergência de diferentes áreas do saber, sendo as Nanotecnologias resultado de contributos da física, da química e da electrónica, as Biotecnologias, da biologia, da química e das ciências médicas, as tecnologias da Informação, da electrónica, das matemáticas e da física e as ciências Cognitivas, da psicologia, da linguística, da informática, da filosofia e da antropologia.
A atenção do Comité de Bioética do Conselho da Europa resulta da percepção que para além dos progressos em matéria tecnológica esta Convergência avoluma as questões de natureza ética. Van Est e outros autores em 2010 num estudo do Instituto Rathenau sublinham que para além das manipulações genéticas, os aspectos societais das "intervenções” informáticas e técnicas sobre os corpos e os cérebros de pessoas e animais vão estar no centro da polémica e do debate público e político. E que a tendência que "a tecnologia é cada vez mais biologia” vai alimentar muitas controvérsias. Algumas estão já na praça pública: É o caso da clonagem, da xenotransplantação ou das terapias com células estaminais.