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Definição encontrada no Novo Dicionário de Termos Europeus
Economia Circular

O conceito de Economia Circular opõe-se ao antigo ciclo da economia linear: Extracção-Transformação-Criação de Resíduos. Este baseia-se num pressuposto de disponibilidade ilimitada dos recursos, enquanto o modelo circular reconhece a escassez das matérias-primas e promove o regresso dos resíduos à cadeia produtiva, minimizando o impacto ambiental da produção e utilização dos produtos.

A Economia Circular pretende utilizar os resíduos como matéria-prima para outra indústria ou para a própria, reintegrando-os na cadeia de produção. O que é resíduo deve ser visto como um recurso (ou regressar à natureza sem impacto ambiental). Na Economia Circular (ciclo económico fechado) o desperdício não deve existir: os bens são consertados e reutilizados em vez de serem lançados para o lixo, as matérias-primas podem provir fundamentalmente da reciclagem em vez da extração. Este conceito é também conhecido como "C2C” (Cradle to Cradle, em português «do berço ao berço”).

 

A orientação é no sentido de investir nos 4 Rs:

• Reutilização;

• Reparação;

• Renovação;

• Reciclagem.

 

A luta contra o desperdício é essencial na UE. De acordo com a Comissão Europeia, cada cidadão da União utiliza, em média, cerca de 15 toneladas de materiais por ano e gera mais de 4,5 toneladas de resíduos (dos quais metade depositados em aterros).

Isso significa que a conceção de produtos (incluindo, entre outros, carros, computadores, eletrodomésticos, embalagens, etc.) deve assentar em preocupações ligadas à sua durabilidade e à viabilidade da sua reutilização, reparação, transformação e reciclagem.

A adoção de um modelo de economia circular justifica-se pela escassez dos recursos naturais, pelo aumento e volatilidade dos preços de algumas matérias-primas (em larga medida, derivados da sua escassez) e pela perspetiva do aumento da população mundial.

O 7º Programa de Ação da UE em matéria de Ambiente refere: «A nossa prosperidade e a sanidade do nosso ambiente resultam de uma economia circular inovadora em que nada se desperdiça e em que os recursos naturais são geridos de forma sustentável e a biodiversidade é protegida, valorizada e recuperada de modo a reforçar a resiliência da nossa sociedade”.

 

Segundo a Comissão Europeia a Economia Circular deverá:

• permitir poupanças líquidas para as empresas da UE em cerca de 600.000 milhões de euros ou 8% do seu volume de negócios anual;

• aumentar a produtividade dos recursos em 30%;

• reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa entre 2 e 4%;

• aumentar o PIB em cerca de 1%;

• criar mais de 2 milhões de postos de trabalho.

 

As medidas associadas ao conceito de Economia Circular são familiares do conceito de economia verde e incluem também preocupações de eficiência energética, menos incorporação de energia nos produtos, formas mais inteligentes de mobilidade (que privilegie os transportes públicos) e o combate aos excedentes.

 

A economia circular conhece, hoje, manifestações práticas que tornam este modelo económico mais palpável. Vejam-se, por exemplo, três casos:

 

• Na indústria da cortiça, apenas 30% da matéria-prima é utilizada para a produção de rolhas (o produto mais significativo). Em Portugal, a maior corticeira aproveita toda a cortiça remanescente para a produção de outros materiais como revestimentos, isolamentos, componentes para transportes e aeronáutica, materiais anti-vibrantes, mobília, entre outros. Por outro lado, campanhas de recolha de rolhas de cortiça utilizadas permitem a sua reutilização por outras indústrias e financiam programas de reflorestação e proteção de habitats naturais. Em 2015, a recolha de 34 toneladas de cortiça permitiu a plantação de 140.000 árvores.

• O Nutrimais, um corretivo agrícola orgânico concebido pela empresa Lipor, é produzido através da utilização de resíduos alimentares e verdes. Em 2015, a utilização de 44.000 toneladas de resíduos permitiu produzir 11.000 toneladas deste produto, reduzindo a utilização de adubos químicos.

• A Caixa Geral de Depósitos recebe cartões de plástico (débito, crédito e de fidelização) de qualquer entidade e reencaminha-os para a sua transformação e reutilização (como plástico PVC) para a produção de mobiliário que é, posteriormente, entregue a instituições de solidariedade. No primeiro ano do projeto foram transformadas mais de 5 toneladas de plástico, equivalentes a um milhão de cartões.

(última alteração: Outubro de 2017)
Co-Autor(es): André Machado
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