Numa expressão feliz, o Professor Adriano Moreira referiu-se-lhe como o processo de «mundialização do mundo», assinalando a tomada crescente de consciência das inter-relações e dependências que se estabelecem ao nível mundial.
Com efeito, as definições de Globalização acentuam a interdependência económica das nações no âmbito da circulação de bens, de serviços, de capitais, de pessoas, de ideias e tecnologias, mas sublinham também a aceleração dos fluxos de informação, imagens, modas, ideias e valores com repercussão na intensificação dos movimentos de capitais e na mobilidade internacional do trabalho. Enquanto o Professor Boaventura Sousa Santos sublinha o fator de dominação ao identificar o «processo pelo qual determinada condição ou entidade local estende a sua influência a todo o globo», o Professor Ruud Lubbers acentua o enfraquecimento da importância das distâncias definindo «um processo onde as distâncias geográficas são cada vez menos importantes para o estabelecimento ou manutenção de relações económicas, políticas e sócio-culturais transfronteiras».
É inegável que o fenómeno da globalização tem uma acentuada expressão económica: o comércio internacional em termos de percentagem do PIB aumentou cerca de 300% nos últimos 30 anos.
Mas o fenómeno da globalização não é apenas económico. Ele tem evidentes repercussões na informação, na informática, na cultura, na saúde, no ambiente, na demografia, na moda e até no crescimento da criminalidade internacional graças à proliferação de redes que fomentam o terrorismo, o branqueamento de capitais, o tráfico de droga e o tráfico de seres humanos.
A União Europeia é confrontada assim com um duplo desafio:
– o de encontrar, no seu espaço, respostas eficazes a alguns destes problemas, que não têm solução ou resposta nos limites de cada Estado;
– e o de garantir dimensão e massa crítica que permita aos seus Estados-Membros competir e responder no plano mundial às ameaças e às dificuldades geradas pela globalização.