O conceito de "suficiência alimentar” assenta na disponibilidade e no acesso aos alimentos.
Apesar da produção de alimentos ter globalmente aumentado nas últimas décadas, um número significativo de países sofre de fome crónica ou de episódios de fome, quando noutros países os problemas centram-se sobretudo nos excessos alimentares, na obesidade e nas doenças a ela associadas.
Esta distribuição desigual dos recursos alimentares, apesar dos crescentes ganhos na produtividade e produção agrícolas, acentuou-se com a crise alimentar de 2007/2008 provocada sobretudo por fenómenos climáticos extremos, especulação no mercado das commodities, aumento da procura em países emergentes e à deslocação da produção agrícola para culturas energéticas sobretudo na América do Norte.
Uma das consequências desta crise foi o aumento dos preços dos alimentos que tocou sobretudo as populações mais frágeis do globo mas que acabou por afetar também a União Europeia.
Face ao crescimento da população mundial e ao aumento do nível de vida dos países emergentes, é provável que o incremento da procura exceda as possibilidades de produção agrícola, tendo em conta os constrangimentos ligados à disponibilidade de recursos hídricos e de terras aráveis, agravados pelas alterações climáticas e pelo desenvolvimento das produções energéticas.
Quando a tendência dos últimos anos era para restringir a produção agrícola na UE para evitar os excedentes, resultantes do próprio sucesso da PAC, a suficiência alimentar, um dos primeiros objetivos da PAC, voltou a estar na ordem do dia.
Face a esta emergência é natural que as próximas reformas da PAC recentrem os objetivos desta política na questão da suficiência alimentar da UE, em conjugação com outras questões indiretamente associadas como as alterações climáticas, a gestão dos recursos hídricos, a competitividade da agricultura europeia no mercado global e a sobrevivência das regiões rurais europeias.