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Definição encontrada no Dicionário de Cidadania
Empreendedor

Empreendedor é uma pessoa que identifica novas oportunidades económicas, define e monta uma oferta de mercado correspondente e a lança no mercado assumindo os riscos e as recompensas inerentes.

É possível traçar o perfil tipo do empreendedor como alguém que:

i) tem ambição e paixão por novas soluções,

ii) tem a habilidade de discernir e avaliar novas oportunidades de negócios,

iii) tem espírito criativo e pragmático para definir soluções inovadoras orientadas para o consumidor final,

iv) tem espírito de iniciativa, coragem e capacidade para inovar e mobilizar os recursos necessários para montar as necessárias soluções,

v) está preparado para assumir riscos, para falhar e para ajustar e adaptar as suas soluções de negócio e preserverar até ao sucesso final.

Existem vários tipos de empreendedores, conforme as motivações para empreender. O "empreendedor por necessidade" e o "empreendedor de oportunidade". O empreendedor por necessidade é motivado a empreender como única alternativa de obtenção de. renda e de sustento. Este tipo de empreendedor geralmente não faz grandes análises de mercado e de risco ou uma grande estruturação do negócio. É um empírico que arregaça as mangas.

O empreendedor de oportunidade é motivado a empreender pela oportunidade de negócio detetada, para servir uma necessidade do mercado através de um modelo de negócio competitivo. Dentro do empreendedor de oportunidade existem dois tipos, o empreendedor de "estilo de vida", que é motivado maioritariamente por razões não financeiras, sendo alguém que quer gerir o seu próprio destino e agenda de trabalho, e o empreendedor "gazela", focado no crescimento acelerado, e no retorno financeiro associado a uma estratégia de venda futura da empresa.

O empreendedorismo por necessidade está mais suscetível à conjuntura económica dos países e tende a diminuir quando a oferta de emprego é maior. O empreendedorismo de oportunidade tem elevados níveis de investimento e de risco e um forte impacto sobre o crescimento económico de um país.

A motivação para iniciar um negócio é um dos temas mais importantes em pesquisas sobre empreendedorismo porque demonstra o grau de maturidade e desenvolvimento de um país.

Independente da motivação, os países que apostam na capacitação dos empreendedores - seja por necessidade ou oportunidade - investem na geração de empresas mais eficientes e produtivas. Mesmo os empreendedores por necessidade podem gerar bons resultados para os seus negócios e transformar os seus empreendimentos em oportunidade de novos ganhos.

Recentemente, o "empreendedor social" tem emergido com maior frequência. Enquanto o "empreendedor de negócios" visa maioritariamente a satisfação do consumidor pagante e o lucro dos investidores, o "empreendedor social" visa maioritariamente o ganho social de grupos desfavorecidos, através do empreendimento de novas soluções, produtos ou serviços, ou a promoção do empreendedorismo na população mais desfavorecida. É importante separar o empreendedorismo social de outras atividades socialmente orientadas como a filantropia, o ativismo social, o ambientalismo e atividades de organizações não governamentais dependentes maioritariamente de receita de doadores. O empreendedor social, contrariamente a outras atividades sociais, obtém receita económica diretamente dos utilizadores da sua atividade, mesmo que seja sem fins lucrativos.

Deverá ainda ser considerado o intra-empreendedor, uma pessoa que transforma uma ideia numa atividade lucrativa enquanto colaborador de uma empresa e atuando sob os objetivos da mesma. O elemento de risco e de recursos limitados é mitigado, mas a organização pode definir modelos de trabalho com riscos e recompensas similares aos do mercado aberto fora da empresa.

Um elemento muito importante para a economia é o "serial entrepreneur" que reinveste continuamente o seu ganho financeiro e o seu conhecimento de mercado com o resto do ecossistema, como investidor, mentor, parceiro ou novo empreendedor, aumentando grandemente a eficácia do sistema empreendedor onde está inserido. A existência de uma grande quantidade de serial entrepreneurs tem sido apresentada como um dos motivos do sucesso destacado de Silicon Valley como o maior centro de empreendedorismo a nível mundial.

A evolução histórica da definição do que é um empreendedor é importante para compreender o seu significado completo. A primeira definição de um empreendedor foi feita em 1730 pelo economista francês, Richard Cantillion, que o definiu como alguém com vontade para assumir pessoalmente o risco financeiro de um novo negócio. Mas essa definição, não o separa de um investidor ou de um simples acionista. Em 1848, Johan Stuart Mill fez a diferenciação ao classificar um empreendedor como alguém que assume tanto o risco financeiro como a gestão de um negócio. Por volta do mesmo período, o economista Jean Baptiste Sav salientou um aspecto fundamental ao definir o empreendedor como alguém que cria e deriva valor económico de uma nova e mais produtiva aplicação de recursos. Já no século XX, Joseph Schumpeter destacou o empreendedor essencialmente como um inovador que substitui produtos e processos estabelecidos por novos criando assim um processo de destruição criativa que faz evoluir a economia. Por seu lado, Kirzner destacou a dinâmica competitiva deste processo, ao salientar que o empreendedor identifica essencialmente novas oportunidades de lucro, que são posteriormente eliminadas pela reação competitiva do mercado.

Mais recentemente, o economista Howard Stevenson definiu o empreendedor como alguém capaz de implementar uma oportunidade de negócio sem ficar limitado aos recursos que presentemente controla. Esta definição ajuda a caracterizar o âmago do desafio do empreendedor, a perceção e busca da oportunidade na ausência dos recursos para a atingir. Deste modo, é possível diferenciar melhor o empreendedor do administrador de uma empresa. O empreendedor coloca a ênfase na equipa em vez de na hierarquia, nas decisões rápidas e em conta, em vez de deliberações suportadas por orçamentos, em direitos de copropriedade da empresa em vez de pagamento salarial. O empreendedor partilha uma maior fatia de retorno futuro em vez de uma menor fatia dos recursos atualmente em posse.

Esta definição explica o importância da forma de financiamento do empreendedorismo, que resulta de um equilíbrio entre bootstrapping {fazer o máximo com recursos financeiros internos como dívida pessoal, baixo inventário, partilha de recursos, pagamento de trabalho com ações) e o financiamento de risco (capital de risco, business angel, crowd funding, hedge funding) por forma a permitir ao empreendedor o máximo de autonomia.

(última alteração: Dezembro de 2017)
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