O termo aquacultura (ou aquicultura) engloba todas as atividades cuja finalidade seja a produção e/ou o desenvolvimento de organismos aquáticos, podendo estes ser plantas, algas, moluscos, crustáceos ou peixes de água doce, salobra, ou salgada, ou mesmo organismos pertencentes a classes sistematicamente inferiores como é o caso de algumas Esponjas e Celenterados. O objetivo principal desta atividade é a produção à escala industrial de proteína animal de qualidade fundamentalmente direcionada para o consumo alimentar humano. No entanto, a produção aquícola pode ter também propósitos ornamentais (aquariofilia) ou de preservação ambiental, quando utilizada para o repovoamento de determinados ecossistemas aquáticos (lagos, rios, oceanos).
Regra geral, são considerados três tipos fundamentais de aquacultura: extensiva, semi-intensiva e intensiva.
A cultura extensiva é a mais primitiva e aproveita exclusivamente as condições naturais do meio, não existindo praticamente nenhum controlo da produção. Neste tipo de cultura, a espécie que se deseja cultivar ou entra de forma passiva nos tanques ou recintos de produção, ou os exemplares são capturados, na fase larvar ou juvenil, no meio natural. O alimento utilizado é o disponível no meio natural.
Na cultura semi-intensiva, subsiste um baixo nível de controlo sobre a produção. Não obstante, as densidades de carga utilizadas são mais elevadas que no caso anterior, e a tecnologia que acompanha este tipo de produção é mais evoluída, recorrendo-se já à reprodução artificial para a obtenção de ovos e juvenis. Na fase da engorda, são já feitas amostragens e calibragens da produção para otimizar o crescimento, e para além do alimento naturalmente disponível são administrados alguns complementos alimentares.
A cultura em regime intensivo caracteriza-se pela utilização de densidades de carga elevadas com controlo acentuado sobre todos os parâmetros de produção. O alimento é todo administrado de forma artificial com recurso a rações preparadas especificamente para o estado de desenvolvimento e espécie que está a ser produzida. As manipulações dos stocks são constantes (amostragens e calibragens), sendo utilizadas técnicas de profilaxia e tratamento avançadas.
A aquacultura pode ser realizada no espaço terrestre, utilizando estruturas de produção especificamente produzidas para o efeito (ex: tanques de aquacultura) ou diretamente no meio aquático utilizando estruturas flutuantes (ex: jangadas) concebidas com recurso a diferentes tipos de tecnologia de acordo com o objetivo a que se destinam (produção de moluscos, peixes etc.) e o local onde são instaladas. Dependendo da distância a que são colocadas, relativamente à linha de costa, estas estruturas podem ser classificadas em "on shore” (continental), "in shore” (costeira) ou "off shore” (mar aberto).
Numa altura em que grande parte das espécies aquícolas com interesse comercial, marinhas e de água doce, se encontram sobre-exploradas, esta atividade é considerada um parceiro importante para o sector extrativo da pesca, uma vez que o complementa no processo de abastecimento do mercado de produtos alimentares, e assume-se como alternativa profissional para alguns pescadores que, por imposições de redimensionamento da frota face à cada vez maior escassez de recursos, possam entretanto ter perdido o seu posto de trabalho.
Em pleno século XXI, a Aquacultura assume-se como o sector da indústria agroalimentar que mais tem crescido nas últimas décadas produzindo-se, a nível mundial, mais de 80 milhões de toneladas de produtos aquícolas por ano, sendo a China o maior produtor (FAO 2014).
Na Europa, em particular na União Europeia (UE-28), a produção aquícola ronda os 1,3 milhões de toneladas por ano, representado cerca de 1,5% (em volume) da produção mundial.
Aproximadamente 90% do sector da Aquicultura na UE é formado por micro e pequenas empresas e o sector emprega cerca de 80.000 trabalhadores (STECF 13-30).
Nos últimos anos tem sido associado à aquicultura, o conceito de "aquicultura integrada”. Esta inclui organismos de diferentes níveis de um ecossistema, de modo a que o que uma determinada espécie produz possa ser utilizado para a criação de outra. Este tipo de sistema pode ser utilizado para reciclar nutrientes e os sobrantes orgânicos desta atividade, reduzindo desta forma os impactos ambientais.