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Definição encontrada no Novo Dicionário de Termos Europeus
Mudanças Climáticas

As condições de vida no nosso planeta dependem do conjunto de factores que formam o seu ecossistema. Cada um destes factores influencia e é influenciado por todos os outros, e o ecossistema tem a capacidade de repor os valores necessários ao seu equilíbrio sempre que as variações não ultrapassem a capacidade deregeneração do conjunto.

 

Ora, esta capacidade do ecossistema tende a gerar uma noção (um sentimento) de resiliência e imutabilidade sistémica que oculta dois factos essenciais:

1. Um dado equilíbrio ou estado do sistema não é eterno: sempre que as variações de um ou vários dos factores ultrapassam determinados limiares, o sistema tende para um novo equilíbrio, qualitativamente ou mesmo radicalmente diferente do precedente, pondo em causa a existência ou a sobrevivência de parte do sistema, em particular das formas mais complexas de vida.

2. A transição ou passagem entre pontos de equilíbrio não é gradual e, por isso, passível de controlo: pelo contrário, a passagem de um estado de equilíbrio a outro produz-se por ruptura, a partir de um determinado ponto de não retorno, por efeito de uma variação mínima de um ou vários dos elementos. O novo estado de equilíbrio chega após períodos de transição longos e traumáticos.

 

Um dos subsistemas mais determinantes da natureza do equilíbrio do ecossistema é o climático: dele dependem tanto a existência como a natureza das formas de vida na Terra. O clima tem origem num sistema complexo com um equilíbrio precário, contrariando a aparente evidência da recorrência das estações do ano (mito do eterno retorno).

O clima é fortemente influenciado pela concentração atmosférica dos diversos gases que capturam parte da radiação reflectida pela superfície da Terra e assim produzem o chamado «efeito de estufa». Sem esta estufa natural, a temperatura média da superfície da Terra, que é hoje de 14ºC, seria negativa (cerca de 18ºC negativos) e o nosso planeta inabitável. Entre estes gases, os dois que merecem especial destaque são o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4).

O equilíbrio do subsistema climático é determinado tanto por factores de ordem natural – como as emissões provenientes de erupções vulcânicas –, como por factores de ordem humana.

 

As emissões de gases com efeito estufa causadas pelo homem estão associadas ao processo de desenvolvimento. Assim:

1. A actividade agrícola e as mudanças no uso da terra determinaram a emissão de metano e outros gases.

2. A Revolução Industrial, a explosão do uso do automóvel e a geração de electricidade em centrais térmicas provocaram a emissão de enormes quantidades de CO2, em resultado da queima de combustíveis, sendo os três principais o carvão, o petróleo e o gás.

 

O padrão de consumo característico da sociedade industrializada moderna é claro: quanto mais rico é o país, maiores são as suas emissões. Assim, os Estados Unidos contribuem com 24% do total das emissões totais, apesar de representarem apenas 3% da população mundial. A União Europeia é um pouco mais eficiente, mas as suas emissões por habitante não diminuem de forma a compensar o aumento fulgurante das emissões da China e da Índia.

O Protocolo de Quioto, de 1997, procura fazer face ao problema e à desigualdade das contribuições de cada país, dependendo o seu sucesso da capacidade de gestão conjunta do planeta por parte de nações tão diferentes e com interesses tão opostos.

Acontece que as emissões de gases com efeito de estufa aumentam a capacidade da atmosfera para absorver radiação infravermelha. Ou seja, a partir de determinados valores, alteram o balanço entre a energia que chega e a que sai da Terra.

 

O resultado é a importante mudança climática que estamos a viver:

1. Nos últimos 200 anos, tem vindo a registar-se um violento aumento da temperatura. Em média, a temperatura da superfície terrestre aumentou cerca de 0,6ºC em relação à era pré-industrial, sendo que o maior incremento ocorreu nos últimos 40 anos.

2. Este aquecimento do planeta tornou-se evidente, tanto na superfície marítima quanto na terrestre, facto apoiado por indicadores indirectos, como o recuo rápido dos glaciares.

3. Durante o século XX o nível dos mares subiu em média entre 10 e 20 cms conforme as regiões do globo, tendo-se registado alterações significativas nos regimes de pluviosidade, com secas e inundações atípicas, bem como o aumento da frequência e intensidade das tempestades e outros fenómenos meteorológicos súbitos.

 

Mais do que uma evolução linear, o percurso do clima apresenta-se como não linear, com surpresas inesperadas e drásticas quando o nível da concentração de gases de efeito estufa chega a um ponto crítico, desencadeando outros processos até então desconhecidos. Não sabemos quando este ponto será atingido. Apenas constatamos que a actual concentração de CO2 na atmosfera é 50% mais elevada do que o máximo atingido no período mais quente dos últimos 400.000 anos (390 ppm em vez de 280).

Isto é, tudo leva a crer que as emissões de gases de efeito estufa resultantes da actividade humana podem provocar mudanças climáticas drásticas no século XXI e seguintes, com efeitos imprevisíveis – e potencialmente catastróficos – para o equilíbrio planetário que conhecemos, incluindo, por exemplo, a mudança das correntes marítimas.

Não é de excluir, entre outras possibilidades, a hipótese de uma nova era glaciar súbita após um período de aquecimento acentuado.

Portugal, dada a sua grande linha de costa e a sua localização na transição das zonas climáticas atlântica e mediterrânica, é particularmente vulnerável e pode vir a sofrer danos muito sérios.

(última alteração: Outubro de 2017)
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