Nabucco foi o nome escolhido, em honra a uma famosa ópera de Giuseppe Verdi, para o projecto europeu de gasoduto. Esta iniciativa, apoiada pela Comissão Europeia em 2003, consistiria em quase 4.000 km, saindo da Turquia, atravessando a Bulgária e Roménia e subindo pela Hungria até à Áustria.
O projecto constituía um elemento da Rede Transeuropeia de energia (TEN-E) de importância estratégica, congregando um consórcio de seis companhias energéticas. O gasoduto deveria ter ficado operacional em 2015, encaminhando para o centro da UE cerca de 31.000 milhões de m3 por ano. No entanto, na sequência do que já havia acontecido em 2012 com o encurtamento da extensão da estrutura, o projecto foi cancelado em 2013.
O gás seria levado até à Turquia por gasodutos já existentes ligados ao Mar Cáspio, explorando essencialmente recursos do Turquemenistão, Azerbaijão e Iraque. Este gasoduto inseria-se na estratégia europeia que tinha em vista aumentar a segurança dos abastecimentos de gás natural e reduzir a dependência energética da UE em relação aos fornecedores de gás fora da UE (nomeadamente a Rússia).
A União Europeia importava, em 2015, cerca de 69% do gás consumido em todo o território, sendo que, em 18 Estados-Membros, mais de 90% do gás era importado. Em Janeiro de 2009, vários Estados-membros da UE foram vítimas de cortes de fornecimento de energia vinda da Rússia, via Ucrânia, em litígio sobre os preços energéticos. A estratégia europeia passava, nesta altura, pela diversificação dos fornecedores e das rotas de trânsito (Médio-Oriente, Mediterrâneo, Ásia central e Mar Cáspio...), apoio aos investimentos nas redes de infra-estruturas, e desenvolvimento de recursos europeus, nomeadamente através de fonte de energias renováveis.
Diferentes variáveis contribuíram para o insucesso do Projecto de Nabucco e tal resultado deve-se, sobretudo, à ausência do apoio político e diplomático necessários. Este plano acabou por ser substituído, no final de 2013, por uma alternativa que expande o Corredor Sul através de um Gasoduto Trans-Adriático. Contudo, para muitos Europeus, este não resolve o problema de forma tão eficaz como o anterior, visto que fornecerá gás a regiões com uma oferta já bem desenvolvida em vez de reduzir a dependência energética face a empresas russas como a Gazprom, em países como a Bulgária.
Este projecto europeu esteve, desde sempre, em rivalidade com outro projecto, South Stream, liderado pela empresa russa Gazprom - que também acabaria por ser cancelado em Dezembro de 2014. Obstáculos como o conflito na Crimeia e as sanções europeias contra a Rússia dificultaram a concretização deste gasoduto alternativo que sempre levantou dúvidas sobre a existência de fornecedores suficientes para alimentar ambos os projectos.