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Valéry Giscard d’Estaing, Presidente da República francesa (1974-1981), deputado europeu (1989-1994), Presidente da Convenção sobre o Futuro da Europa (2001-2003), nasceu em 1926 na Alemanha, no seio de uma família com tradições no alto funcionalismo francês. Estudou na Escola Politécnica e na Escola Nacional de Administração (ENA), grandes escolas universitárias francesas.
Centrista, equidistante de democratas-cristãos, radicais e liberais, fez um percurso profissional e político completo, ocupando-se da administração das finanças públicas e toda uma escala de cargos políticos representativos locais, nacionais e internacionais. Foi autarca, deputado da Assembleia Nacional francesa em várias legislaturas, Ministro das Finanças (1962-1965, 1969-1974) e Presidente da República.
Em 1958, intervindo no debate parlamentar de ratificação dos tratados de Roma pela Assembleia Nacional francesa, foi dos raros deputados a compreender o seu alcance mais político que económico, afirmando a sua «fé apoiada na razão» na Europa e o desejo de conseguir «a construção duma entidade económica e, mais tarde, política à dimensão dum continente», acrescentando «a vocação da França para pensar, iluminar e talvez para dirigir esta tarefa».
Em meados dos anos setenta do século XX foi o mais brilhante e promissor líder europeu. Com preocupações de modernidade, marcou a política francesa e europeia.
Líderes mundiais corriam a Paris a buscar influência, reconhecimento ou conselho. Com Helmut Schmidt, chanceler da RFA, teve uma cumplicidade de espírito e interesses que marcou o futuro da Europa com várias inovações de grande alcance político: a reunião periódica regular do Conselho Europeu, institucionalizado em 1986 pelo Ato Único; a criação do Sistema Monetário Europeu e do ECU como moeda de referência; as primeiras eleições diretas para o Parlamento Europeu em 1979.
Quando em 1989 integrou o Parlamento Europeu, foi líder do grupo liberal, e em 1991 aderiu ao Grupo do PPE. No âmbito da contribuição do Parlamento Europeu para os trabalhos de preparação do Tratado da União Europeia, foi autor do relatório parlamentar sobre o princípio da subsidiariedade.
Em 2001, foi nomeado presidente da Convenção sobre o Futuro da Europa. Levou o trabalho ao seu porto, entregando a versão definitiva do projeto de Tratado que estabelece uma Constituição para a Europa, em Roma, a 18 de julho de 2003. Após os trabalhos da conferência intergovernamental e de vários referendos e outros processos de ratificação positivos, o processo acabou por abortar pelo resultado negativo dos referendos nos Países Baixos e em França. O Tratado de Lisboa viria retomar a obra e dar força ao talvez mais urgente do trabalho realizado.